Marcando a retomada da construção naval pelo Arsenal de Marinha do Rio de Janeiro (AMRJ), foi entregue, no dia (02), ao setor operativo da Marinha do Brasil (MB), o Navio-Patrulha (NPa) “Maracanã”. A partir de agora, o mais novo navio da MB poderá cumprir sua missão de contribuir para a segurança do tráfego marítimo e para a defesa dos interesses estratégicos brasileiros na Amazônia Azul, por meio de atividades de patrulhamento, de inspeção naval e de salvaguarda da vida humana no mar.
Durante a cerimônia, aconteceu o batismo do NPa “Maracanã”, conduzido pela senhora Selma Foligne Crespio de Pinho, madrinha do navio e esposa do Comandante da Marinha, Almirante de Esquadra Almir Garnier Santos, presente na cerimônia.
Na ocasião, ocorreu a Mostra de Armamento do novo navio, presidida pelo Chefe do Estado-Maior da Armada (CEMA), Almirante de Esquadra Renato Rodrigues de Aguiar Freire, que empossou o primeiro comandante e destacou a importância da data para a Marinha do Brasil. “A obtenção do NPa “Maracanã” faz parte do Programa de Modernização do Poder Naval. Representa também o esforço conjunto para o desenvolvimento da Base Industrial de Defesa, capacitando e aprimorando a mão de obra da construção naval, aperfeiçoando sistemas e equipamentos, e fomentando a Indústria Nacional de Defesa”, ressaltou o CEMA.
Por fim, foi lançado um livro que marca os mais de 250 anos da construção naval militar no Brasil. O Comandante da Marinha destacou a importância deste marco para a indústria naval nacional. “É preciso reconhecer a longa tradição de pioneirismo, competência, perseverança e dedicação da nossa Engenharia Naval Militar e dos patriotas profissionais brasileiros – militares e civis, engenheiros, técnicos e operários – que produziram, com suor e talento, cerca de uma centena de navios para a Marinha do Brasil, ao longo dos últimos 200 anos.”
O novo navio-patrulha
O NPa “Maracanã” é o terceiro pertencente à Classe “Macaé”, que já possui outros dois em operação na MB, o “Macaé” e o “Macau”. Com tecnologia majoritariamente brasileira, o “Maracanã” irá atuar subordinado ao Comando do Grupamento de Patrulha Naval do Sul e Sudeste em Santos (SP). O navio entregue hoje faz parte da atual fase do Programa de Obtenção de Navios-Patrulha (PRONAPA) que prevê, também, a continuidade da construção, no AMRJ, do Navio-Patrulha “Mangaratiba”, com entrega prevista para 2025.
Para o Diretor-Geral do Material da Marinha (DGMM), Almirante de Esquadra José Augusto Vieira da Cunha de Menezes, a entrega do navio representa “a história do nosso Arsenal de Marinha do Rio de Janeiro, um estaleiro rico de tradições e de potencialidade, que renova, a cada navio construído, suas capacidades e suas possibilidades.”
O primeiro Comandante do “Maracanã”, Capitão de Corveta Raphael Saidel da Costa, destacou que o Brasil passa a ter um meio naval moderno e de pronto emprego. “Além de todas as capacidades operativas que o navio possui, para mim é um motivo de muito orgulho ser o primeiro comandante do navio-patrulha “Maracanã” e, agora a partir de Santos, poderemos realizar a nossa missão que é colaborar na proteção da nossa Amazônia Azul”.
A obtenção do “Maracanã” faz parte do Programa de Modernização do Poder Naval. Representa também o esforço conjunto para o desenvolvimento da Base Industrial de Defesa, capacitando e aprimorando a mão de obra da construção naval, aperfeiçoando sistemas e equipamentos, e fomentando a Indústria Nacional de Defesa.
Para ser entregue ao Setor Operativo, o NPa “Maracanã” foi submetido a um amplo programa de testes de aceitação de todos os sistemas e equipamentos no mar, a fim de garantir a segurança e a eficiência da sua operação. Mesmo antes de sua incorporação, o “Maracanã” pôde ser visto em plena navegação durante as comemorações alusivas ao Bicentenário da Independência do Brasil, participando da Parada Naval e da Revista Naval.
Lançamento do livro sobre a construção naval militar
Em paralelo à entrega do “NPa Maracanã” também foi lançado, no AMRJ, o livro: “A construção Naval Militar no Brasil: Passado de glórias. Futuro de vitórias!”. Com 188 páginas e 6 capítulos, o livro traz ao público uma retrospectiva histórica da Construção Naval Militar no Brasil. Descreve esta trajetória a partir da sua origem, com a criação do Arsenal do Rio de Janeiro, pelo Conde Da Cunha, nos idos de 1763; passa pelos grandes construtores, e pela construção de navios pelo Arsenal de Marinha do Rio de Janeiro, tendo como fio condutor a evolução tecnológica dos seus meios de propulsão, da vela à turbina. E culmina com a construção de submarinos. Em seguida, a obra cita as construções em andamento e encerra com as perspectivas de futuro para a construção naval na Marinha.
Para o autor e organizador do livro, Capitão de Mar e Guerra Cleber Ribeiro da Silva, “a construção naval no Brasil gera empregos, faz a tecnologia evoluir e gera expertise. Aqui no Arsenal, além dos navios, temos o potencial do nosso pessoal. É unânime em todos que conversei para fazer o livro, o fascínio e o espírito da construção naval. Nós temos no Arsenal desde os trabalhadores mais antigos, que conseguem descrever com detalhes todos os projetos em que eles trabalharam, até militares recém chegados, todos encantados pela construção naval. Então, esse é o espírito que move quem aqui trabalha, essa capacidade, essa qualidade com que os navios são produzidos pelo Arsenal por esses quase 260 anos e ainda com uma perspectiva de futuro brilhante”, recorda ele.
O livro está disponível, gratuitamente, no site da Marinha, em formato de e-book, e será distribuído de forma impressa a algumas bibliotecas e instituições de ensino da área de construção naval.
A importância da gestão de conhecimento no Arsenal de Marinha do Rio de Janeiro
A construção naval nas instalações do AMRJ possibilita um maior conhecimento e, consequentemente, uma melhor condução dos sistemas do navio por parte da nova tripulação, assim como a manutenção do know-how de construção naval pelo corpo técnico do Arsenal, como afirma Diretor do Arsenal de Marinha do Rio de Janeiro, Contra-Almirante (EN) José Luiz Rangel da Silva. “Essa construção sendo feita do zero pela Marinha. Além de outros ganhos, possibilita que nós estejamos totalmente capacitados para fazer a manutenção, pois conhecemos profundamente o navio, diferentemente de quando o compramos pronto. O pessoal envolvido sabe corrigir defeitos, dar soluções, e isso tudo motivou e motiva a buscar novas ideias. Por isso, é tão importante a gestão do conhecimento. Nessa construção tivemos militares recém-embarcados trocando aprendizado com outros militares e servidores civis com muita experiência”, reforçou ele.
Exemplo dessa manutenção de conhecimento e do aprimoramento de capacitação de pessoal está no encontro de gerações que trabalharam na prontificação do “NPa Maracanã”, como o encarregado do Grupo de Máquinas e Redes da Gerência de Construção Naval, engenheiro de tecnologia militar, César Fernando Cascardo de Niemeyer, que trabalhou na construção da Corveta “Barroso”, último navio de guerra entregue pelo Arsenal, em 2008. Mesmo com quase quarenta anos trabalhando no AMRJ, ele descreve a emoção de ver concluído mais um projeto: “ver o navio sendo construído, depois obtendo sucesso na prova de mar, e agora sendo entregue, é uma
satisfação muito grande. É muito bom vê-lo navegando depois de tanto trabalho, é uma sensação única para quem trabalhou na construção”, disse ele.
Atualmente, para aumentar o desempenho do AMRJ nas tarefas de construção e manutenção dos meios navais, foram feitas diversas mudanças estruturantes centradas em ações de melhorias dos processos, otimização da aplicação da mão de obra e aprimoramento das capacitações, bem como na recuperação da capacidade operacional. Essa construção elevou o nível de capacidade dos trabalhadores, e com isso, da atuação do estaleiro, como ressalta o adjunto da gerência, gerente de casco e encarregado da estrutura e acabamento do navio, Capitão-Tenente (Engenheiro Naval) Samuel Soares de Santana Lourenço. “A partir do momento que você visualiza a edificação efetivamente do navio, e que nenhum sistema é mais importante que outro porque todos são co- dependentes entre si, isso se torna extremamente importante tanto para a capacitação das pessoas envolvidas no processo da construção, quanto também para o estaleiro. É realmente algo que chega a emocionar, ver que essa construção está causando uma mudança de perspectiva, no pensamento em várias áreas, seja na esfera industrial, na parte gerencial e na estratégica”, reforçou o militar.
Tais incrementos possibilitam, ainda, a continuidade da atividade de construção de navios e embarcações no AMRJ, com o projeto de um novo Navio-Patrulha de 500 toneladas e a avaliação técnica e de infraestrutura necessárias à construção de Navios-Patrulha Oceânicos de até 1800 toneladas, além do planejamento, em andamento, de um Aviso de Instrução, destinado à formação de Oficiais do Corpo da Armada.
Fonte: Agência Marinha de Notícias
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