O amor no Soneto de Fidelidade

O aspecto que mais utilizei, do ponto de vista didático, em sala de aula, do Soneto de fidelidade, foi a ideia do amor enquanto pleno exercício dos afetos.

Assim, amar é estar sempre atento o tempo todo e com extremo zelo à pessoa amada; é fechar os olhos às tentações – resistir a outros encantos enquanto o pensamento se apropria cada vez mais da amante.

É querer experimentar o amor em todo o tempo, elaborar-lhe elegias e panegíricos, rir-se, chorar com a pessoa amada, indefinidamente.

É, enfim, saber que o amor pode acabar mas querer vivê-lo, não obstante, no ápice do sentimento.

O soneto é tão ainda, de algum modo, fruto de expectativa, que parece ter o eu-lírico o elaborado no fogo da mais forte paixão. Isso retira, por outro lado, a possibilidade do amor como exercício voluntário: é a paixão gestando o seu sucedâneo, é o amor em perspectiva não como algo resultante da vontade que age, mas da paixão que o antecede e motiva.

Por: Francisco Sulo

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