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Trauma e vingança: Uma análise psicológica dos atentados em escolas

Todos nós já tivemos um ataque de fúria no qual pensamos fazer algo contra quem nos tirou do nosso estado emocional habitual.

Entretanto, sabemos que não poderíamos fazê-lo pois, em alguns casos, poderíamos responder perante a justiça por essa ação. Não podemos, em um surto de raiva, atacar alguém e fazer com essa pessoa o que bem entendemos. Se fizéssemos isso, seríamos presos.

Entretanto, as mentes por trás dos ataques nas escolas dos Estados Unidos e mais recentemente nas escolas do nosso país não pensam assim.

São mentes doentes, disfuncionais, que vêem a realidade de forma distorcida, traumatizadas, sem padrões morais, vingativas.

Um dos assassinos mais vingativos do século 20 Carl Pazram, foi violentado, e sofreu diversos abusos no abrigo para delinquentes juvenis no qual viveu durante sua infância e juventude.Como consequência disso, Pazram desenvolveu uma personalidade detestável. Se tornou assaltante, incendiário, estuprador e serial killer.

Uma característica curiosa de Pazram é que ele não estava louco. Tinha total consciência daquilo que fazia, sabendo até mesmo o valor da propriedade em que ateou fogo.

Ele tinha consciência e consistência naquilo que fazia.

E nós pensamos: Mas como uma pessoa se torna tão má? 

Ele começou odiando aqueles que tinham feito algum mal a ele. 

Alimentando o ódio e um desejo insaciável de vingança contra essas pessoas.

E esse ressentimento foi crescendo até abranger toda a humanidade.

Pazram violou, assassinou e queimou para expressar sua indignação.

Ele agiu como se alguém fosse responsável. A mesma coisa acontece na história de Abel e seu irmão Caim narrada por Moisés no capítulo 4 do livro de gênesis.

Em um dos trechos da história Caim ouve do próprio Deus o seguinte: “O mal deseja dominar você, mas você deve dominá-lo”.

Caim porém, após nutrir uma imensa inveja de Abel, acaba vendo essa inveja transformar-se em raiva, ódio e assassina seu irmão.

Essa é a versão mais verdadeira do que acontece quando as pessoas levam sua vingança ao extremo. 

E foi isso que Pazram fez: levou sua vingança aos últimos níveis.

Vemos aqui que o que corrompe a mente de algumas pessoas não é algo tão superficial, mas não justifica tais atos.

O que Pazram não entendeu é que vamos sofrer injustiças ao longo de nossa vida, queiramos ou não.

Se formos nos revoltar e tramar um plano para futuramente nos vingarmos de quem nos fez mal, isso vai não só nos adoecer como também gerar a nossa própria destruição.

A vingança é autodestrutiva.

Os indivíduos que tentam contra as vidas inocentes dentro das nossas escolas estão na verdade culpando alguém por algo que lhes aconteceu no passado.

Estão expressando sua indignação como fez Pazram, estão levando seu desejo de vingança ao extremo como fez Caim.

Os que cometem esses atos, porém, querem, além da vingança, notoriedade.

A ideia seria algo como: “prefiro estar morto do que viver no anonimato e sem fama”.

Psicologicamente falando, se uma criança não tiver atenção suficiente por parte dos pais e pessoas próximas como amigos, família, colegas de escola, ela vai buscar essa atenção a qualquer custo em diferentes fases da sua vida e algumas vezes de forma errada.

A moeda de troca fundamental entre humanos é a atenção.

Concluímos então que dentre outras coisas, há 3 fatores que contribuem para esse tipo de comportamento. São eles: desejo por atenção, traumas e vingança.

“Eu queria que toda a raça humana fosse um pescoço e que minhas mãos estivessem nele”. – Carl Pazram

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